Lambeu lentamente a parte de baixo da porta de enrolar semifechada.

Aprendeu a abraçar.


Bêbado. É minha mina é, MINHA MINA.


Eu vomitando na sarjeta e ele segurando minha mão, me perguntando a cada cinco minutos se eu lembrava que tinha beijado ele e eu fazendo que sim com a cabeça sem tirar meus olhos do chão. 


O céu estava bonito um azul bem escuro com manchas de nuvens de chuva, estava chovendo fininho, ele tinha acabado de chorar e quando ele chorava por aquele motivo de sempre eu sempre pegava na mão dele e apertava. Eu beijei a bochecha dele, ele beijou a minha de volta, eu beijei a outra e ele beijou a outra, eu encostei meu nariz no dele, eu e ele, primeiro beijo.


Já era de manhã e precisávamos entrar, um abraço bem forte que ele me deu pra despedir e disse "que vontade de ficar aqui com você".

Curvei o corpo sobre o muro (pra passar a mão no Mewtwo depois que chamei psssssssspspsps e ele veio sexy como só um gato preto de olhos verdes, rebolando), minha camiseta subiu e apareceu um pedaço de pele das costas que ele beijou.

Todo mundo sabe que o banco individual é pra uma pessoa só, menos ele. E depois eu.

Dormindo no meu colo, no bar e no ônibus.

"É a primeira vez que eu to conseguindo ser sensata e discutir com você sem começar a chorar e te deixar falando idiotices sozinho", observei. Paramos de falar, um último abraço e um beijo raro recíproco, ok, coloquei o capuz, estava chovendo e estava frio, sem olhar pra cima eu disse tchau, virei as costas, andei, não olhei pra trás porque chorei.

Exijo que ele desça daquele bendito degrau porque a verdade é que ele fica lá porque gosta de se sentir superior, de olhar de cima com aquele ar de "você quer subir aqui e me beijar mas neste patamar não cabe você", aqueles malditos olhos. A verdade é que eu gosto de olhar pro rosto dele de baixo, abraço a barriga beijo o peito, ele descansa o queixo na minha cabeça e eu sei que cheira meu cabelo.

A roupa toda, a pele e o hálito cheiram a cigarro, mas o ar é doce. Doce como nenhum doce de infância porque a única lembrança à qual quer se prender é daquele ar expirado daquele nariz.

Liguei. "Ainda quero falar com você, sai daí"

E olhei séria pela porta de vidro, ele rindo. Eu não convenço mais.
"Fala por telefone"
"Não dá, é importante, sai logo"
"Espera, chega perto da porta quero te mostrar uma coisa"
"Aff" 
Desligou.
Cheguei perto da porta.
Ele mostrou o celular. E discou 190.
HAUHAUHUHAUHAHUAHA
Fechou a cortina. Grand Finale.

Perguntou "posso ou não posso?" 
"O quê?"
"Sem saber da pergunta, só diz se posso ou não"
"Pode"
Sentou no meu colo.

A risada alta dele quando saiu correndo do banheiro consciente de que eu conseguiria segurá-lo de novo.

Escreveu uma música pra mim. E eu sei que foi pra mim e não há nada que ele possa dizer.

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